quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Consciência Negra

Deus nos deu a oportunidade de nascermos no país mais rico.
O país que consegue harmonizar as pedreiras de Xangô, as águas dos rios de Oxum, as águas salgadas de Iemanjá e as matas de Oxóssi.
Como se já não fosse muito, temos o povo com a força de Ogum, capaz de vencer qualquer batalha e manter-se em pé após tantas guerras.
Mas então, onde está a paz de Oxalá?
Onde está a igualdade e harmonia que Ele nos ensina?
O Brasil não é apenas rico em natureza; é rico em pele: a pele vermelha dos primeiros habitantes, a pele branca do colono europeu, a pele amarela dos asiáticos e a pele negra da mãe África. E a partir dessas cores primárias, Deus fez sua maior obra de arte usando estas cores puras e combinadas para pintar um quadro magnífico chamado Brasil – sua obra prima.
Então, pergunto de novo: onde está a paz, a igualdade e harmonia de Oxalá? No país da diversidade, em que os orixás se sobrepõem, por que ainda somos reconhecidos pela cor da nossa pele?
A Umbanda é uma religião puramente brasileira, obtida da mistura de crenças e culturas. Uma mistura como os tons de nossas peles. E é por isso e para isso que a Umbanda nasceu: para que haja igualdade perante nossas diferenças e para que as diferenças sejam respeitadas. São essas diferenças que nos torna ricos.
E é para quebra o paradoxo da desigualdade racial que a Umbanda traz como modelo de caridade, harmonia e sabedoria, os nossos amados pretos velhos:
- Como exemplo de perseverança, o negro que lutou – e luta – pela sua liberdade;
- Como exemplo de amor, o negro sofrido na senzala que estende a mão ao próximo;
- Como exemplo de sabedoria, o negro que aprendeu pelas dificuldades e pela dor – física e emocional;
- Como exemplo de força, o negro que resistiu a todos os castigos dos “senhores” e ainda se manteve em pé;
- Como exemplo de fé, o negro que labutava no campo, dia após dia, mas cantava sua fé sem perder o fôlego, e que ainda tinha força no fim do dia para, escondido na senzala, demonstrar sua fé em Zambi e nos orixás, nas giras de candomblé;
- Como maior exemplo, então, o negro, na figura simples de um preto velho.
Lutemos por um dia em qe não só a Umbanda reconheça esse exemplo. Para que um dia as escolas ensinem sobre a importância dos negros em nossa sociedade e não sobre as algemas que os seguraram no passado.
Lutemos para que um dia, não se enxergue a cor da pele, mas sim o brilho dos olhos.
Lutemos para que um dia todos reconheçam e tenham orgulho de perceber nossas origens. Tenham orgulho de dizer: Branco, negro, pardo, não me interessa. Dentro da minha veia tenho a honra de carregar o sangue negro. E com um pouco deste sangue, também carrego a força, a fé, o poder e a humildade do povo mais belo que já pisou estas terras.
Saravá, meus pretos velhos.
Salve a Umbanda.
Salve a raça negra que tanto nos ensina.
Salve a miscigenação das raças que faz de mim um pouco de você, e de você, um pouco de mim.

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